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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Possessão, Segundo Allan Kardec


“Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz; 
o homem precisa habituar-se a ela pouco a pouco, do contrário fica deslumbrado.
(Allan Kardec)




Há possessos ? Existe a possibilidade de dois Espíritos coabitarem num mesmo corpo ?
Vamos consultar a codificação para esclarecer esses e outros pontos:


Livro dos Espíritos

Perg.473–Pode um Espírito tomar temporariamente o invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado nesse corpo ?

O Espírito não entra em um corpo como entrais numa casa. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.

Kardec, retira suas conclusões, prepara e formula a pergunta seguinte, e os Espíritos respondem: (1)

Perg. 474_ Desde que não há possessão propriamente dita, isto é coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada ?

Sem dúvida e são esses os verdadeiros possessos. Mas é preciso saibais que essa denominação não se efetua nunca sem que aquele que sofre o consinta, que por sua fraqueza, quer por deseja-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.

Os Espíritos aí, fazem uma nítida distinção entre os verdadeiros e os falsos possessos.

Os verdadeiros são os subjugados até ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada; os falsos são os que não correspondem aos casos de obsessão, necessitando tratamento médico.

Comenta ainda Kardec, após a resposta dos Espíritos:

O termo possesso só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.


Já na Revista Espírita de 1858 o codificador registrou:

Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até a aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão, aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos esse termo (...) porque ele implica igualmente a idéia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação da uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.

Fica bastante claro que, para ele, até aqui, não era admitida ou conhecida, ainda, a possessão.

Já na Revista Espírita de novembro de 1862, o codificador volta a analisar esse termo com o estudo dos "Possessos de Morzine"; Onde ele mesmo ratifica as afirmações feitas anteriormente.

Já na mesma Revista, no mês de dezembro de 1863, o excelso codificador nos traz em caso, por ele analizado, que reproduziremos a seguir:




UM CASO DE POSSESSÃO.
Senhorita Julie.

Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar da palavra, mas subjugados;
retornamos sobre esta afirmação muito absoluta, porque nos está demonstrado agora que
pode ali haver possessão verdadeira, quer dizer, substituição, parcial no entanto, de um
Espírito errante ao Espírito encarnado. Eis um primeiro fato que é a prova disto, e que
apresenta o fenômeno em toda a sua simplicidade.


Várias pessoas achavam-se um dia na casa de uma senhora médium sonâmbula.
De repente esta tomou ares todos masculinos, sua voz mudou, e, dirigindo-se a um dos 
assistentes, exclamou: 


"Ah! meu caro amigo, quanto estou contente de te ver! "


Surpreso, p

erguntou-se-lhe o que isso significava. A senhora retomou: 


"Como! meu caro, tu não me

reconheces? Ah! é verdade; estou todo coberto de lama! Sou Charles Z..."
A este nome, os assistentes se lembraram de um senhor morto, alguns meses antes, atingido de um ataque de apoplexia, na beira de um caminho; tinha caído num fosso, de onde se tinha retirado seu corpo, coberto de lama. Ele declara que, querendo conversar com seu antigo amigo, aproveitou de um momento em que o Espírito da senhora A..., a sonâmbula, estava
afastado de seu corpo, para se colocar em seu lugar. Com efeito, tendo se renovado esta cena vários dias seguidos, a senhora A... tomava cada vez as poses e as maneiras habituais do Sr. Charles, virando-se sobre a costa da poltrona, cruzando as pernas, roçando o bigode, passando os dedos sobre seus cabelos, de tal sorte que, salvo o vestuário, poder-se-ia crer ter o Sr. Charles diante de si; no entanto, não havia transfiguração, como vimos em outras circunstâncias. Eis algumas de suas respostas:

P. Uma vez que tomastes posse do corpo da senhora A..., poderíeis ali ficar? - R. Não, mas isso não é a boa vontade que me falta.

P. Por que não o podeis? 
 R - Porque seu Espírito está sempre preso ao seu corpo.
Ah! se eu pudesse romper esse laço, pregar-lhe-ia uma peça.

P. Que fez durante esse tempo o Espírito da senhora A... ?-
R. Estava lá, ao lado, me olhava e ria de ver-me nesse vestuário.
Essas conversas eram muito divertidas; o Sr. Charles fora um alegre vivente, não desmentia seu caráter; dado à vida material, era pouco avançado como Espírito, mas naturalmente bom e benevolente. Tomando do corpo da senhora A..., não tinha nenhuma intenção má; também essa senhora não sofria de nenhum modo dessa situação, à qual se prestava de boa vontade, É bom dizer que ela não havia conhecido esse senhor, e não podia estar com efeito em suas maneiras. Há ainda a anotar que os assistentes nem pensavam
nele, a cena não foi provocada, e que veio espontaneamente.


A possessão é aqui evidente e ressalta melhor dos detalhes, que seria muito longo reportar; mas é uma possessão inocente e sem inconveniente. Não ocorre o mesmo 
quando ela é o fato de um Espírito mau e mal intencionado; pode então ter conseqüências 
tanto mais graves quanto esses Espíritos sejam tenazes, e que se torna, freqüentemente, 
muito difícil livrar deles o paciente do qual fazem sua vítima. Eis disso um exemplo recente, 
que nós mesmos podemos observar, e que foi objeto de estudo sério pela Sociedade

de Paris.

A senhorita Julie, doméstica, nascida em Savoie, com a idade de vinte e três anos, de um caráter muito doce, sem nenhuma espécie de instrução, estava há algum tempo 
sujeita a acessos de sonambulismo natural, que duravam semanas inteiras; nesse estado 
ela vagava em seu serviço habitual, sem que as pessoas estranhas desconfiassem disso; 
seu trabalho mesmo era muito mais cuidadoso. Sua lucidez era notável; ela descrevia os 
lugares e os acontecimentos à distância com uma perfeita exatidão.

Há mais ou menos seis meses, tornou-se presa de crises de um caráter estranho, que ocorriam sempre durante o estado sonambúlico, de alguma sorte se tornou o estado 
normal. Ela se contorcia, rolava na terra como se debatesse sob a opressão de alguém 
que procurava estrangulá-la, e, com efeito, tinha todos os sintomas da estrangulação; acabava

por derrubar esse ser fantástico, tomava-o pelos cabelos, cobria-o em seguida de golpes, de injúrias e de imprecações, repreendendo-o sem cessar com o nome de Frédégonde, 
infame regente, rainha impudica, vil criatura suja de todos os crimes, etc. Sapateava 
como se a pisasse sob os pés com raiva, lhe arrancasse suas roupas e seus adornos.

Coisa bizarra, se tomava ela mesma por Frédégonde, se dava golpes redobrados sobre os braços, o peito e o rosto, dizendo: 'Toma! toma! disso tens tu bastante, infame Frédégonde?

Queres me sufocar, mas não alcançarás esse fim; queres te meter em minha caixa, mas eu saberia bem isso te afastar." Minha caixa era o termo do qual ela se servia 
para designar seu corpo. Nada poderia pintar o assento frenético com o qual ela pronunciava 
o nome de Frédégonde, rangendo os dentes, nem as torturas que ela experimentava 
nesses momentos.

Um dia, para se desembaraçar de seu adversário, agarrou uma faca e feriu-se a si mesma, mas se pôde detê-la a tempo para impedir um acidente. Coisa não menos notável, 
é que jamais ela não tomou nenhuma das pessoas presentes por Frédégonde; a dualidade 
era sempre em si mesma; era contra ela que dirigia seu furor quando o Espírito 
estava nela, e contra um ser invisível quando dele estava desembaraçado; para os outros, 
ela era doce e benevolente mesmo nos momentos de sua maior exasperação.

Essas crises, verdadeiramente terríveis, freqüentemente, duravam algumas horas e se renovavam várias vezes por dia. Quando ela acabava por derrubar Frédégonde, caía 
num estado de prostração e acabrunhamento do qual não saía senão com o tempo, mas 
que lhe deixava uma grande fraqueza e um embaraço na palavra. 

Sua saúde com isso 
era profundamente alterada; nada podia comer e ficava às vezes oito dias sem tomar alimento.

Os melhores alimentos tinham para ela um gosto terrível que a fazia rejeitá-los; era, para ela, a obra de Frédégonde, que queria impedi-la de comer.

Dissemos mais acima que essa jovem não recebeu nenhuma instrução; no estado de vigília, jamais ouviu falar de Frédégonde, nem de seu caráter, nem do papel que esta 
desempenhava. No estado de sonambulismo, ao contrário, sabia-o perfeitamente, e disse 
ter vivido em seu tempo. Não era Brunchaut, como se havia de início suposto, mas uma 
outra pessoa ligada à sua corte.

Uma outra nota, não menos essencial, é que, quando começaram essas crises, a senhorita Julie jamais tinha se ocupado do Espiritismo, cujo nome mesmo lhe era desconhecido.

Ainda hoje, no estado de vigília, lhe é estranha e não crê nele. Não o conhece
senão no estado de sonambulismo, e somente depois que se começou a cuidar dela. Tudo o que ela disse, pois, foi espontâneo.




Em presença de uma situação tão estranha, uns atribuem o estado dessa jovem a uma afecção nervosa; outros a uma loucura de um caráter especial, e é necessário convir que, à primeira vista, esta última opinião tinha uma aparência de realidade. Um médico declarou que, no estado atual da ciência, nada podia explicar semelhantes fenômenos, e que não via nenhum remédio. No entanto, pessoas experimentadas em Espiritismo reconheceram
sem dificuldade que ela estava sob o império de uma subjugação das mais
graves e que poderia lhe tornar fatal. Sem dúvida, aquele que não tivesse visto senão os momentos de crise, e não tivesse considerado senão a estranheza de seus atos e de suas palavras, teria dito que ela estava louca, e ter-lhe-ia infligido o tratamento dos alienados que, sem nenhuma dúvida, teria determinado uma loucura verdadeira; mas esta opinião
deveria ceder diante dos fatos. No estado de vigília, sua conversação era a de uma pessoa de sua condição e em relação com sua falta de instrução; sua própria inteligência era vulgar; era tudo diferente no estado de sonambulismo: nos momentos de calma, ela raciocina com muito sentido, justeza e uma verdadeira profundidade; ora, essa seria uma
singular loucura quanto aquela que aumentaria a dose de inteligência e de julgamento. Só o Espiritismo pode explicar essa anomalia aparente. No estado de vigília, sua alma ou Espírito está comprimido por órgãos que não lhe permitem senão um desenvolvimento incompleto; no estado de sonambulismo, a alma, emancipada, está em parte livre de seus
laços e goza da plenitude de. suas faculdades. Nos momentos de crise, seus atos e suas palavras não são excêntricas senão para aqueles que não crêem na ação dos seres do mundo invisível; não vendo senão o efeito, não remontam à causa, eis porque todos os obsidiados, subjugados e possessos passam por loucos. Nas casas de alienados, em todos os tempos, houve pretensos loucos dessa natureza, e que se curariam facilmente se não se obstinassem em não ver neles senão uma doença orgânica.
Nesse momento, como a senhorita Julie era sem recursos, uma família de verdadeiros e sinceros Espíritas consentiu em tomá-la a seu serviço, mas nessa posição ela devia ser muito mais um embaraço do que uma utilidade, e seria necessário um verdadeiro devotamento para dela se encarregar. Mas essas pessoas disso foram bem recompensadas, primeiro pelo prazer de fazer uma boa ação, e em seguida pela satisfação de ter contribuído poderosamente para a sua cura, hoje completa; dupla cura, porque não só a senhorita Julie está livre, mas seu inimigo está convertido para melhores sentimentos.
Aí está o que testemunhamos de uma dessas lutas terríveis que não duram menos de duas horas, e que pudemos observar o fenômeno nos mais minuciosos detalhes, fenômeno no qual reconhecemos imediatamente uma analogia completa com os dos possessos de Morzines (1). A única diferença é que em Morzines os possessos se entregavam a atos contra os indivíduos que os contrariavam, e que falavam do diabo que tinham neles, porque lhes tinham persuadido de que era o diabo. 
A senhorita Julie, em Morzines, seria chamada Frédégonde, o Diabo.


Através deste estudo vemos que Allan Kardec não apenas reconheceu a possessão como a estudou e teve dela casos que atestaram sua veracidade.
Muitos citam Kardec, poucos são os que se dedicam ao estudo aprofundado de suas obras.
Portanto, afastemos de nós a preguiça, que muitas vezes, nos faz aceitar tudo o que lemos e ouvimos, e vamos, por nossa vez, nos dedicarmos um pouco mais ao estudo de nossa Doutrina, seguindo assim, o inesquecível conselho do Espírito Verdade, frase tema de nosso blog:
"Espíritas amai-vos, eis o primeiro mandamento. E Instruí-vos eis o segundo."
Espírito Verdade, Evangelho Segundo o Espiritismo, CAP. VI item 5

Paz e luz!

Fonte: Livro dos Espíritos perguntas 473 e 474
Revista Espírita de  dezembro de 1862 sobre os possessos de Morzines, (1)

Revista Espírita de dezembro de 1863 Um caso de Possessão.


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